O conceito de cidade inteligente está diretamente relacionado a capacidade do município de movimentar a economia local, gerar empregos, garantir segurança e saúde para os habitantes, com estratégias que facilitam a atendimento da população, garantindo a continuidade e a perenidade para as próximas gerações.
Os conflitos e as oportunidades de desenvolvimento sustentável de uma região estão na própria população. São eles que vivenciam as necessidades diárias da comunidade, e partirá deles o principal propulsor (capital humano) da sustentação e continuidade dos projetos.
A cidade de Barcelona aproveitou a oportunidade de sediar as olimpíadas de 1992 para mapear as necessidades locais e a estrutura cultural que originou a cidade. Após levantamento, o grupo gestor identificou um excelente ponto turístico de toda a Europa no município, porém fechado por galpões antigos e ruas mal planejadas.
A estratégia foi direcionar todas as principais avenidas de Barcelona para o porto, modernizando as ruas e os modais de transporte. Além de derrubar as construções portuárias antigas e abrir espaço para estruturas turísticas adequadas. Toda essa estratégia veio da população, que se engajou no projeto e deu perenidade aos trabalhos, independente das trocas políticas.
Medelín se transformou de “cidade da Cocaina” em uma das cidades mais modernas do mundo, e o planejamento começou com a população, que novamente, engajada em ter uma cidade mais moderna, fortaleceu essa estratégia, independente das trocas políticas.
O Ex-Secretário municipal de cultura cidadã e atualmente jornalista Jorge Melguizo, escreveu sobre o planejamento estratégico de Medelin, demonstrando que enfrentaram altíssimas taxas de morte por violência, a iniquidade, falta de coesão entre os bairros da cidade (essa enorme separação social), a corrupção incorporada por anos na administração pública e a falta de articulação entre entidades do governo para atuar de maneira integral nos diferentes bairros”.
O início da boa gestão, em meio a essas dificuldades foi estruturar um orçamento participativo, colaborativo e integrado. Reestruturou as ações culturais e fortaleceu os projetos, formais ou não, que valorizavam as diversas expressões culturais.
Juntamente com a população, Melguizo participou da elaboração de 21 planos de desenvolvimento local e o fortaleceu as organizações da sociedade civil, que permitiu garantir a governança e a sustentabilidade das políticas e dos programas públicos.
Hoje a cidade de Medelín é reconhecida internacionalmente pelas ações e resultados gerados como uma cidade inteligente.
Uma Smart City depende da população e do engajamento das comunidades locais na execução dos projetos propostos, e Medelín comprova que não é necessário dinheiro ou renome social para se desenvolver, e sim planejamento e direcionamento estratégico.
Alexandre Cony
Administrador